A natureza traz convites e metáforas para nossa jornada o tempo todo, basta prestar atenção. Contemplar os ciclos naturais pode proporcionar alinhamento ao que temos negligenciado: somos parte da natureza. Não somos “nós e a natureza”. Somos, “nós, a natureza”.
O solstício de inverno vem chegando e demarca a temporada em que as noites são mais longas que os dias e as temperaturas caem, estamos mais tempo na escuridão e no recolhimento. Na temporada anterior, tivemos o outono, que a gente pode tomar como metáfora daquela estação da alma em que somos convidadas a desapegar do que não nos serve mais. Após todo esse desapego, vem o inverno, como pausa de introspecção, ideal para fazer o balanço do que foi e do que ficou.
As noites mais longas podem simbolizar o tempo de integrar a nossa sombra, ou seja, nossos aspectos encobertos, guardados no baú. E são esses mesmos aspectos, que podem se revelar como tesouros e incríveis potenciais, quando perdemos o medo de encarar.
Na natureza, o inverno é uma estação de aparente morte. Tudo está recolhido, os animais escondidos em suas tocas, prepondera o silêncio, pouca luz e menos cores. No entanto, por trás do véu dessa suposta morte, tem muita vida latente. A perda das folhas foi providencial: assim as árvores sobrevivem ao frio rigoroso e voltam plenas celebrando a primavera.
Abrir-se ao convite do inverno é aproveitar a oportunidade de se conectar com o ciclo vida-morte-vida que rege tudo na natureza. E essa dança, da qual muitas vezes a gente foge, na verdade, carrega uma mensagem que deveria nos acalentar: a certeza de que tudo se renova sempre.
O desafio é aceitar o ritmo, aproveitar o melhor que o inverno da alma tem a oferecer, assumir cada uma de nossas faces, perceber a beleza de estar no momento presente e, em breve, tudo se renova, porque fluimos e aceitamos o convite à mudança e aos ciclos naturais da vida.
Algumas perguntas para quando os invernos chegarem:
– Quando a vida te convida à instrospecção e à quietude, como você reage? Aproveita para recarregar as energias? Ou fica se debatendo, por acreditar que a vida tem de ser sempre primavera e verão?
– Você aceita o convite para contemplar e integrar os pedaços escondidos dentro de você?
– Como você pode aproveitar melhor o recolhimento e o contato com seu mundo interno?
E um lembrete: quando tudo parecer frio, árido, inerte, observe as raízes por baixo da terra. Tem muita vida latente aí.
Bem-vindo, inverno. A gente tá te querendo, sim.
JULIANA GARCIA / COLUNISTA MAMACOCA
Escritora, mulher, criadora, curiosa, psicóloga, psicodramatista. Meu trabalho gira em torno da liberdade, autenticidade e criatividade. Minha vida também.
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