Inspiração não só para nossas criações, a filosofia dos povos tradicionais da América do Sul nos convidam a pensar, e experimentar, um mundo em que homem e natureza convivem, se respeitam e colaboram mutuamente.
Na tradução literal: viver bem. Mas, na tradição dos índios sul-americanos, é muito mais que isso. Para eles, a filosofia Buen Vivir, praticada pelos povos tradicionais há milhares de anos, é um caminho de conexão profunda com a natureza e seus elementos, sejam eles animais, vegetais ou minerais. É praticar a reciprocidade, tanto com o meio ambiente quanto as pessoas da sua comunidade, é viver os ritmos da natureza, consumindo o que ela nos oferece a seu tempo, é ter consciência do presente, respeitando o tempo de cada coisa.
Praticada pelas comunidades rurais de países como Bolívia e Equador, o Buen Vivir propõe ao homem recuperar o sentido da vida, na forma mais primitiva da palavra, e não só viver em sintonia com o natural, mas principalmente em comunhão com o outro. “Hoy por ti, mañana por mim” (Hoje por você, amanhã por mim, em tradução livre), já diziam os antigos.
Desde 2013, o Equador incorporou a filosofia sumak kawsay (buen vivir para o povo Quechua) como plano nacional, uma forma de combater o capitalismo selvagem e agregar ao cotidiano do povo a visão de comunidade e cooperativismo dos índios.
Para o uruguaio Eduardo Gudynas, um dos principais estudiosos do assunto, a ideia não é retomar o modo de vida dos povos tradicionais, mas sim combater a visão individualista atual.
“A característica que defini o buen vivr é harmonia”, diz ele, “a harmonia entre os seres humanos, e também entre os seres humanos e a natureza. Um tema relacionado é um sentido do coletivo. O capitalismo é um grande promotor dos direitos individuais: o direito de possuir, vender, guardar, ter. Mas esse paradigma alternativo da América do Sul subjuga os direitos do indivíduo aos dos povos, comunidades e da natureza”.
Pratique o Buen Vivir! Um olhar voltado ao outro, a si mesmo e à natureza. Um olhar generoso com a vida e tudo o que nos cerca.